Mulher morre durante troca de tiros entre policiais militares e bandidos em Belford Roxo
Uma mulher de 61 anos morreu durante uma troca de tiros entre bandidos e policiais militares no bairro Jardim Redentor, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, na tarde desta quarta-feira (13).
A comerciante Dirlene Corrêa de Olivetti chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos. Vizinhos dizem que a Polícia Militar viu traficantes na rua e atirou. Ela foi a terceira vítima, em menos de 12 horas, de confrontos na Baixada.
Testemunhas contam que Dirlene estava sentada em um campinho de futebol perto da casa dela, na Estrada das Pedrinhas, no Jardim Redentor, quando policiais chegaram na região.
Traficantes que estavam nas proximidades correram e, assustada, Dirlene também saiu correndo para se esconder. Ainda segundo vizinhos, os PMs atiraram em direção de Dirlene, que foi atingida na cabeça, na barriga e em um dos joelhos.
Uma testemunha disse à TV Globo como foi o confronto.
“Começou a dar os tiros. Quando cheguei na esquina da rua, eu vi ela na outra esquina da rua já atirada no chão. Foi quando eu gritei e falei: ‘Dirlene, vai para casa, corre, não fica na rua, não’. Aí ela pediu socorro. Eu tentei até ir ajudar ela, só que quando eu cheguei assim no meio do caminho começou a dar os tiros. E estava dando dos dois lados, então não teve como eu ir ajudar ela”, destacou.
Ainda de acordo com a testemunha, os policiais militares do 39º BPM (Belford Roxo) impediram o socorro da comerciante.
“Depois que os tiros cessaram, eu saí pra rua de novo. Aí foi quando os outros moradores desceram para poder prestar socorro para ela. Porque nem isso os policiais queriam deixar fazer. Tiveram que insistir para poder eles deixarem socorrer ela. Eles falaram que tinham chamado Samu, só que passou o tempo descobrimos que ela morreu, né, na ida pro hospital e não chegou nenhum Samu. Ela ainda saiu com vida, mas no caminho do hospital ela acabou falecendo. Ela tomou um tiro na cabeça, na barriga e na perna”, contou.
Um vizinho ainda tentou levar Dirlene para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do bairro Bom Pastor, também em Belford Roxo. Mas, ela morreu no caminho da unidade de saúde.
Dirlene Corrêa de Olivetti — Foto: Arquivo pessoal
A manicure Adelaide Janaína Correia Barrozo, filha de Dirlene, contou que a mãe morava no bairro há mais de 20 anos e que gostava de sentar no campo de futebol perto da casa. A mulher ainda denunciou que os PMs foram negligentes na troca de tiros.
“Ela caiu com vida, pediu socorro, mas os policiais não deixaram fazer o socorro. Os moradores disseram que ela gritava pedindo socorro, mas os PMs impediram. Os policiais não levaram ela para o médico. Um morador desceu correndo, pegou a Kombi, colocou ela dentro e levou para a UPA. Mas, só que ela não chegou com vida. Eles fizeram uma injustiça com a minha mãe e eu quero justiça. Eles tinham que socorrer a minha mãe na hora”, relata.
Adelaide afirmou que iria se encontrar com a mãe nesta quarta-feira.
“Há um mês eu não via a minha mãe e no próximo final de semana eu tinha fechado com o meu esposo para passar o próximo final de semana na casa dela. Eu ia ontem, mas eu tive que terminar de fazer uma unha. Fui pegar o meu filho para deixar em casa e ir para a minha mãe quando eu recebi a notícia. Peguei um mototaxista e fui direto para a UPA. Mas, quando eu cheguei lá ela estava sem vidas”.
Dirlene, que morava sozinha, tinha uma pequena mercearia no bairro. De acordo com parentes e amigos, a mulher costumava ficar no campinho todo final de semana acompanhando o movimento da rua. Ela deixa uma filha e dois netos.
O corpo de Dirlene foi levado para o Instituto Médico-Legal (IML) de Nova Iguaçu, cidade vizinha a Belford Roxo. A família ainda não informou onde será o local de velório e enterro.
A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense vai investigar o caso.
Em nota, a PM disse que os policiais do 39º BPM (Belford Roxo) faziam um patrulhamento na Estrada das Pedrinhas quando foram alvos de tiros e houve confronto. No entanto, os moradores desmentem essa versão oficial e afirmam que os tiros só foram disparados pelos policiais.
Ainda de acordo com a PM, os militares da ocorrência localizaram uma mulher ferida e os populares a socorreram.
A assessoria de imprensa da instituição disse que foi aberto um inquérito interno para apurar a conduta dos policiais no local e que colabora com as investigações da Polícia Civil. Por fim, a PM disse que reforçou o patrulhamento na região.
Já em São João de Meriti, uma adolescente de 14 anos levou um tiro na cabeça durante um confronto entre traficantes e milicianos. Evelyn Benedito de Oliveira está em estado grave.
Evelyn Benedito de Oliveira — Foto: Arquivo pessoal
Evelyn Benedito de Oliveira deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento de Jardim Íris, em São João de Meriti, mas, por conta da gravidade do caso, foi transferida para o Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias. Ela foi atingida por três tiros, incluindo um na cabeça.
Uma criança de 5 anos também foi atingida por um tiro de raspão no rosto.
Fonte:g1