– Foto Reprodução: Jussara Barradas e Daniele Pinheiro
O município de Cordeiro, na Região Serrana do Rio de Janeiro, completou 80 anos no passado dia 31 de dezembro, último dia do ano velho, ou véspera de ano novo para quem preferir. No decorrer de todo esse tempo, sempre foi governado por homens, vários dos quais fazem ou fizeram parte de grupos e/ou dinastias políticas que se perpetuaram em cargos públicos e mudaram a vida… deles próprios.
Por mais de meio século, velhas e novas raposas políticas governaram Cordeiro no mesmo modus operandi, promovendo (neo)coronelismo, “pão e circo” e tornando a população refém de “favores” políticos em troca de assistencialismo estatal, como atendimento médico, por exemplo. Quantos cidadãos precisaram apelar para políticos locais para que um familiar fosse atendido no hospital, por exemplo?
Em outubro de 2024, haverá eleições municipais para definir quem comandará o Poder Executivo Municipal pelos próximos quatro anos. Cordeiro, assim como mais de cinco mil cidades brasileiras, vive o dilema de manter o velho ou mudar para o novo.
Em meio a todo esse paradigma político – para não dizer, mas já dizendo que a política local está “engessada” –, as mulheres buscam por protagonismo. São novos tempos, novos ideais e talvez novas mentalidades e valores. Elas podem votar, assim como os homens, são constitucionalmente iguais em direitos e deveres, ocupam cargos de liderança tanto na esfera pública quanto na privada e são a maioria na população brasileira, conforme Censo 2022. O contraponto disso tudo é que elas são minoria em cargos eletivos. O lema “uma por todas e todas por uma” não existe.
Em Cordeiro, o posto mais alto que uma mulher conquistou eleitoralmente, nos tempos atuais, foi o de vice-prefeita, ocupado por Maria Helena, então aliada do ex-prefeito Luciano Batatinha, que administrou a cidade entre 2017 e 2020.
A História política antiga e contemporânea insta a atualizar seus valores, a romper com o velho, principalmente com o machismo e todo o preconceito latentes que imperam a mentalidade populacional, de modo geral.
Até a publicação desta reportagem, sabia-se pelo menos de uma candidatura feminina à Prefeitura de Cordeiro, a da vereadora Jussara Barrada, que já está em seu terceiro mandato parlamentar. Nascida e criada no município, formou-se em técnica de enfermagem e também já atuou como conselheira tutelar.
Exemplo de luta por superação e de inclusão social é o da candidata à vereadora Daniele Pinheiro, autista e mãe de três filhos também autistas. Ela é psicoterapeuta e professora de educação especial.