‘Queria ter ido no lugar dela’, diz mãe da menina Heloísa, morta em abordagem da PRF; começa julgamento dos policiais

São julgados 3 réus pelos crimes de homicídio, 4 tentativas de homicídio e fraude processual: Fabiano Menacho Ferreira, Matheus Domicioli Soares Viégas Pinheiro e Wesley Santos da Silva. As defesas negam o envolvimento dos clientes no crime.

Menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, foi baleada dentro do carro da família no Arco Metropolitano — Foto: Reprodução

Um ano depois da abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que terminou com a morte da pequena Heloísa dos Santos, o sentimento da família é de dor e vazio. Para a mãe Alana Santos, o sofrimento é palpável, físico. O julgamento dos 3 policiais acusados de homicídio e fraude processual começa nesta terça-feira (10) na Justiça Federal, no Centro do Rio.

As defesas negam o envolvimento dos clientes no crime.

A criança foi atingida por tiros de fuzil no Arco Metropolitano no dia 7 de setembro do ano passado, depois que a família recebeu uma ordem de parada de agentes rodoviários. Enquanto o pai dava a seta e se dirigia para o acostamento, 3 tiros foram disparados.

 

A pequena Heloísa passou 9 dias internada no Hospital Adão Pereira Nunes, mas não resistiu aos ferimentos e morru no dia 16 de setembro.

São julgados 3 réus pelos crimes de homicídio4 tentativas de homicídio e fraude processual: Fabiano Menacho Ferreira, Matheus Domicioli Soares Viégas Pinheiro e Wesley Santos da Silva. No seu primeiro depoimento à Polícia Civil, Fabiano admitiu que disparou.

 

A imprensa não pôde participar das audiências de instrução e julgamento porque o caso tramita sob segredo de Justiça.

“Eu não terei mais minha filha comigo, não verei crescer, se formar, casar. Mas não podemos abrir mão, que a justiça seja feita! Que eles não tenham em suas mãos o poder de destruir famílias. Depois de um ano, de muita dor e sofrimento, que a justiça seja feita”, implora a mãe.

Na próxima segunda-feira (16), completa 1 ano que a menina partiu. Alana fez um desabafo sobre como foi enfrentar esse período. A família foi intimada a participar das audiências, por serem testemunhas. Pai, mãe, tia e irmã pequena presenciaram o momento que Heloísa foi baleada.

“O luto deixa a gente quase maluco, de saudade, de amor e de exaustão. O luto deixa essa marca profunda de tentar ficar bem e não saber como, tentar controlar a mente e não ter ideia de como isso é feito”, desabafa a mãe.

“O 1º ano do luto é brutal. Você vai ser péssimo no seu trabalho. Você vê o quanto era feliz e não sabia. Percebe o quanto é forte, mesmo no dia que você tem certeza de que vai desistir. Você se acha uma completa inútil por não ter feito nada que pudesse mudar o final”, continua Alana.

Para a mãe, confusão, medo e tristeza são sentimentos recorrentes.

 

“Essa dor é física, meu coração dói, minha garganta dói, meus olhos doem. Eu só queria ter ido no lugar dela. Toda dor que sentiu, que não foi pouca, era para ter sido minha naquele momento. Me perdoe, amor. Tudo poderia ser diferente”, lamenta.

Heloísa dos Santos — Foto: Redes sociais

“Poderíamos ter passado o feriado em casa, poderia ter pegado e levado ela na frente, como ela pediu, poderia ter dormido na bisa. Peço que Deus cuide da nossa família. Sua irmã se culpa e me dói ver ela sofrendo do jeito que sofre”, completa Alana.

Ainda desabafando nas redes sociais, ela conta que guarda os pertences da pequena, incluindo a agenda escolar.

“Lembrei o quanto amava ir para a escola. Há um tempo, achei o chinelo que procuramos muito. Eu não sei o nome que se dá para quando perdemos um filho, mas hoje não tenho dúvida que é a pior dor que podemos sentir”, afirma.

 

Em seguida, ela lembra de 2 episódios em que se arrepende: uma vez que a pequena pediu bolo e, por cansaço, a mãe não fez, e a vez em que Alana não foi a uma apresentação do Dia da Família por conta de uma chuva forte. Por fim, na carta endereçada à filha, ela finaliza: “Lembre-se que você é o amor da minha vida”.

A pequena Heloísa faria 5 anos no próximo mês.

 

Fonte: g1

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